26 de setembro de 2011

Pertenço

Ainda era madrugada quando ela chegou 
E cálida sussurrante em meu ouvido falou: 
"Você ainda aqui pertence" 


Voltam-me coisas além-mundo
Um lugar donde sou oriundo
Ela diz: "Você ainda aqui pertence"

Ouvi ruídos implorando, clamando e chorando...
Gritando e murmurando... às memórias cedendo
E elas voltam, ricocheteiam na imensidão do meu ser
Mémórias d'Ela, que fora uma vez meu bem querer...
"Você ainda aqui pertence"


Ainda a escuto cantar, como as asas dum anjo a farfalhar
Sua bela voz ainda ecoa no ar, como as ondas do mar...
Foste e deixaste minh'Alma em torpor
Eu, ingênuo, dissera que era complacente da dor
Ela diz: "Você ainda aqui pertence"

Deixa-me ir Lenora, dos teus cuidados eu preciso agora!
Luto, em vão, para manter-me são... Mas meu coração chora
Tua ausência leva-me, facilmente, à demência
Uma vez mais, seja minha? Juntar-me-ei a ti, e ó Deus, tenha clemência!
Ela diz: "Você ainda aqui pertence"


Ouvindo sua bela voz o desespero esvai-se enfim
Deito em minha cama e descanso
Ainda não é a hora do meu fim...
Ainda aqui pertenço...
Mas nela, nostalgicamente, ainda penso...


-Igor Thomas