3 de dezembro de 2012

O Silêncio




Soa o sino que anuncia o sinal do cessar
.
A sombra seca que seca o ser sombrio

E sacia a sede de o sacramento sabotar
Saboreando o som do silêncio vazio.

Valendo-se do voraz vestígio vão
Voa valente voz da minha visão
Vital virose que mantém-me são
Vozeando os ventos um Fabordão


Fantasias funestas e fúnebres do fim
Falácias fatídicas de pouca fé
Fincadas no fundo féleo de mim
E feliz é o que inda está de pé


Sentindo a soberba sinfonia dos prazeres
Que vai e volta várias vezes
Fazendo do fim um presságio vazio

Onde eu, homem sem fé, me silencio.


-Igor Thomas

Estações

Folhas c
              a
                 e
                   m
mas ainda é verãO
 
                                    
                                      r ima

O que era   p  rim   a
                                   rima
                                    
v
                            e
                            r
                            a

tornou-se inverno em meu coração.


-Igor Thomas

5 de novembro de 2012

e. e. cummings II




l(a                                s(uma                            i(u
le                                 pé                                  ma
af                                 ta                                   fo
fa                                 la                                   lh
ll                                  ca                                  ac
s)                                  i)                                   ai)
one                              ol                                   s
l                                   i                                     o
iness                          dão                                 lamento



Tradução por Igor Thomas.
Poema original de e. e. cummings


Possíveis traduções para o poema  "l(a leaf falls)oneliness", onde a essência é a solidão. Houve um jogo de palavras na primeira tradução com o "s(uma" brincando com o verbo "sumir" que está intrinseco na "solidão". Já na segunda tradução a brincadeira foi com "Lamento" da palavra escolhida "Isolamento" que exemplifica bem a essência do poema original... Coisas que não estão no poema original mas que deram um toque refinado às traduções que fiz, e, obviamente, não se comparam com o original.

Black Heart

MY                                 AS
 HEART   IS   
DARK    THE NIGHT
AND     THE     HATRED     BURNS     INSIDE
SORROW   OF    THE    BRIGHT    MOONLIGHT
THE     BLOOD     OF    THE    OCEAN’S     TIDE
EAGERLY    I    WISH    THE    MORROW
FOR  I  AM  NOW  A HOLLOW
WITH  NO  TOMORROW
AND  NOW
HOW
?

4 de novembro de 2012

Mourir



Mordia suavemente os lábios
Enquanto eu a fitava tentadoramente
Linda senhora nossa, somos seus lacaios
Leve minha dor, torne-me dormente

Apague o brilho dos meus olhos
Carregue minha centelha incandescente
Acolha-me em seus galhos
Ramificações de um ser doente

Quero estar ao teu lado
O Eu que se afunda em amargura
O outro Eu que carrega esse fardo

E ela, lasciva, lia e olhava
Dona do nosso óbito
Sorria,
E dizia,
“Em breve” enquanto
A vida, de volta me puxava.

-Igor Thomas

7 de agosto de 2012

A essência da certeza

O que você faria se houvesse um dia a mais?
Se a certeza do fim eminente fosse prorrogada?
O que fazer quando todos os seus pesadelos estão acordados?
Você dormiria?

Não há fé, não mais...
Lutar contra a morte já anunciada,
Todos os esforços fracassados...
Você dormiria?

A ruína da esperança traz a paz,
A vontade de persistir deveras perdida
São meus mártires e meus desejos acorrentados...
Você lutaria?

Então veio num segundo atrás,
A certeza de que jamais
Deixarei os que ficam para trás
Pois nesse corpo ainda jaz
A certeza de que posso partir em paz
E vos deixo meu amor, embora em dor, 
E carrego aonde for, noite e dia
A certeza de que serei lembrado...
Você deixaria?


-Igor Thomas

Descanse em paz André Henrique Vieira...




15 de maio de 2012

Botas de couro

Acordou com os lábios ressecados
O fogo das velas oscilava hipnoticamente
Sombras projetavam-se como pecados
Nas paredes de sua mente doente...

A tênue luz revelava as entranhas do quarto 4
A sombra escapava entre os seus finos dedos 
Enquanto uma surreal pintura saltava do quadro
No canto do cômodo jaziam seus impuros medos

Num estado latente poderia dormir por mil anos
Sonhando um sonho de lágrimas feitas de cores 
Caprichos da loucura ébria e seus efeitos indolores
E o cheiro do coito propagava-se aos cantos


Criaturas do submundo e do desejo
Vênus em pele de mulher
Meretriz em botas de couro
Em seus adornos vorazes que usava para qualquer...


E se a rameira não fosse sua, Não seria de outro alguém...
Criança da noite, cure seu coração
Chicoteie o corpo nu de outrem
Antes que o seu próprio chegue ao chão...


O Couro e Látex brilhavam no escuro
Desenhando o corpo da jovem galdéria
Sem movimentos jazia seu corpo impuro
Sonho de mil noites era ela...
feéria... 



-Igor Thomas


25 de março de 2012

May Belle

Belaz Belle
Todos os panegíricos são para ela
Voraz e Bela
Incita desejos com a pálida pele

Minha rosa escarlate
Tu és a mulher que eu sempre quis
Minha Flor de Lis
A inspiração para toda a arte


E seus movimentos fazem-me ver mágicas d'outro mundo
Quando dança, Ela filha da noite e do dia
Leva-me aos sonhos em que eu morreria
Para ter seu corpo apenas por um segundo


E seus olhos de esmeralda
Perfuram minh'alma dormente
Ascendendo-a de forma latente
Deixe-me tê-la, Ó minha amada

May Belle
Minha Dulcineia
Musa da minha epopéia
Por você eu abdicaria o céu


Ó Lucifer
Deixe-me ao menos uma vez
Entrelaçar-me ao cabelo carmin e tocar a pele
De May Belle...


-Igor Thomas

12 de fevereiro de 2012

Vento do Norte


A nua pele pálida perece
Sob a pútrida e pestilenta prece
Enquanto à treva adormece
Cálida carnífice calada
Sinto, na face, o voraz vento vindo do norte
Cantarolando o som da morte

Repousa o volátil corpo pouco
Ao lado do féretro opaco, negro
Fez-se sua sepultura ao som rouco
Do vento do norte, vento da morte
Levou-te para longe, deixando-me à própria sorte

E a memória martiriza minha melomaníaca alma
Mantendo-me ligado a ti
Eterna e melodiosamente em minha mente doente
Porém nunca mais aqui

Mente doente, Oh Deus... Lembro-me lentamente
Não fora o vento do norte
Não fora esta a causa da tua morte!

Você veio a mim, linda e lapidada, amante calada....
Tão bela que quis conservar-te assim, minha amada!

Envenenei e matei meu amor na noite passada...



-Igor Thomas